Publicado em 14 de março de 2022 - 04:15
Ciência não busca verdade absoluta sobre o mundo. O que o método científico pode fornecer são conclusões válidas que sejam aceitas pela comunidade científica. Todo cientista age em função dessas aceitações. Quando o novo conhecimento mostra que estávamos aceitando algo errado, mudamos nosso discurso ajustando-o a essa nova realidade. Se perguntarmos a qualquer cientista qual será a teoria atual que continuará válida daqui há 300 anos, possivelmente ninguém saberá responder, embora possamos apostar em uma ou outra.
Para que a validade de uma ideia transcenda o tempo (continue válida no futuro) é necessário que fatos novos (base empírica) não a contestem. Porém, nós não temos controle sobre esses dados que podem surgir no futuro. Por exemplo, será que 100 anos atrás seria possível imaginar que conheceríamos hoje essa vastidão de informações e elementos do mundo? Veja quantas teorias e conhecimentos até mais sólidos foram modificados nesse curto espaço de 100 anos. Atualmente, com a alta velocidade do processamento da comunicação científica, percebemos até mais rapidamente a transformação do conhecimento. Portanto, um cientista não está preocupado em buscar verdades absolutas, que transcendem o tempo. Ele busca as melhores explicações sobre o mundo, desde que sejam aprovadas pela comunidade científica. Com isso a ciência tem evoluído e dado base relativamente sólida para a transformação do conhecimento em tecnologia que tem revolucionado a espécie humana e seu impacto no mundo. Lembro que a tecnologia é uma das provas de que alguns conhecimentos sólidos devam existir nisso tudo, de forma a não cairmos na tentação de um ceticismo radical.
Em resumo, não precisa ficar dizendo no seu texto que sua conclusão é provisória ou passível de erro. Quando afirmamos algo na ciência, já existe esse pressuposto implícito entre os cientistas.
REFERÊNCIA
VOLPATO, G. Dicas para redação científica. 4ª ed. Botucatu: Best Writing, 2016.
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