Publicado em 31 de agosto de 2023 - 18:54
A validade interna diz respeito à qualidade. As seguintes questões referem-se à validade interna: O estudo é bom? As conclusões são adequadas para a amostra investigada? O que foi feito e relatado pelo investigador é apropriado para alcançar o objetivo proposto?
Se houver restrições quanto aos procedimentos adotados, as conclusões da investigação estarão enfraquecidas e serão provavelmente contestadas pela comunidade científica. A credibilidade do trabalho científico advém, principalmente, de o investigador ter feito uma boa pergunta e empregado método condizente para respondê-la. E, bem entendido, relatado o que fez de maneira clara e correta.
Por exemplo, os estudos randomizados são os que alcançam posição mais elevada na hierarquia dos produtores de evidências clínicas. Com o uso desse tipo de delineamento, busca-se controlar a situação de tal modo que as influências passíveis de distorcer os resultados sejam afastadas ou neutralizadas. Os participantes são alocados, aleatoriamente, para formar pelo menos dois grupos, o experimental e o controle. Os pertencentes ao grupo experimental são submetidos a uma intervenção, negada ao grupo controle. Todos os participantes são acompanhados de maneira semelhante, se possível com o emprego de aferição duplo-cega, para verificar a ocorrência dos desfechos de maneira não viesada. O efeito da intervenção é assim examinado, objetivamente, em condições controladas de observação, o que significa alta validade interna.
Já a validade externa tem o sentido de generalização dos resultados para populações ou grupos que não participaram no estudo. Diz respeito à capacidade de fazer inferências sobre uma população externa. A descrição correta da parte metodológica da investigação possibilita o leitor julgar a aplicabilidade dos resultados.
Por exemplo, um clínico, ao ler um artigo científico, pode aquilatar o grau de relevância da informação e a possibilidade de aproveitá-la em sua prática diária. A generalização dos resultados para além da amostra investigada – em especial para outros locais que não dispõem de dados semelhantes – depende de vários fatores, dentre os quais, as características dessa amostra serem semelhantes às dos pacientes daquele clínico leitor do artigo e os procedimentos empregados serem exequíveis no local de prática desse clínico. Para que esses aspectos sejam avaliados pelo leitor, eles devem estar descritos no artigo.
REFERÊNCIA
PEREIRA, M. G. Artigos científicos: como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
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